Carta de Intenções

Rede Latino-americana de Missiólog@s

Carta de Intenções

Por ocasião do 2º Simpósio de Missiologia no Brasil, realizado no Centro Cultural Missionário de Brasília, DF, de 25 de fevereiro a 1 de março de 2013, os participantes do evento idealizaram a criação de uma Associação de Missiólog@s, em vista de um serviço qualificado às igrejas no âmbito da reflexão, da pesquisa e da formação. A partir desta disposição, essa Associação se constitui em torno de alguns princípios programáticos que seguem:

1. Para a América Latina cristianizada, Missão significa memória de um passado colonial ainda próximo e projeto de libertação em curso. Memória e projeto são constitutivos para uma missão pós-colonial e norteada pelo Vaticano II.

2. O projeto tem como horizonte uma sociedade na qual prevalece a construção da pessoa sobre a produção de bens, o bem-viver sobre o negócio, a participação sobre a competição, a partilha sobre a acumulação. Nesse projeto, a liberdade andará de braços dados com a solidariedade contextualizada e inculturada na diversidade dos nossos mundos vivenciais.

3. Compreendemos a inculturação como tentativa histórica de desconstruir não só o colonialismo, mas também o neocolonialismo político-cultural imposto pela globalização de mercadorias, padrões de vida e visões de mundo.

4. A inculturação é libertadora e a libertação há de ser universalmente inculturada. Na perspectiva da “libertação integral”, que está norteando nosso projeto missiológico, a própria encarnação tem caráter salvífico.

5. A partir desta perspectiva, que enfoca dois desafios fundamentais da nossa época, a redistribuição dos bens e o reconhecimento da alteridade, a missiologia procura trabalhar a sua responsabilidade para com as grandes causas da humanidade e viver sua lealdade eclesial.

6. A missiologia inspira um novo deslocamento pastoral para sair de si e ultrapassar fronteiras geográficas, culturais e sociais, tornando-a hóspedes na casa dos outros e dos pobres. Sem perder a especificidade de suas raízes cristãs, o enfoque missiológico, hoje, há de ser transdisciplinar, intercultural e macroecumênico.

7. Os eventos do Vaticano II (1962-65), Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e, sobretudo, Aparecida (2007) configuraram um kairós teológico para a missiologia latino-americana que exigiu mudanças substanciais na compreensão da Missão. Em consequência disso, cresceu nas Igrejas locais a demanda por uma assessoria capaz de ajudar na transformação da nova Teologia da Missão em novas práticas missionárias.

8. Para incentivar a formação missiológica, e para articular os que neste campo já atuam, os participantes do 2º Simpósio concordaram em criar uma Associação de Missiólog@s com o nome de Rede Latino-Americana de Missiólog@s (Relami), dando continuidade ao grupo constituído no Departamento de Pós-Graduação em Missiologia, na Faculdade de Teologia “Nossa Senhora da Assunção” de São Paulo.

9. O que nos vai unir nessa nova Associação de Missiólog@s é a gratuidade do serviço no anúncio do Evangelho de Jesus Cristo, o entusiasmo pela causa do Reino e a clareza sobres os objetivos. Eis o desafio: resgatar a memória dos esquecidos, partilhar perspectivas de justiça para com as vítimas e anunciar esperança nas Igrejas através de seu renascimento no Espírito e seu assentamento na vida dos pobres, dos outros e dos excluídos.

10. O desejo mais profundo que cultivamos, e o ideal que queremos perseguir, é de crer firmemente numa missão que abra continuamente as portas para sair de nós mesmos e que nos impulsione a viver uma fé atraente e esperançosa. Um sonho? Sim, a partir da nossa fé compreendemos e fazemos missiologia como pastores e pastoras de um rebanho de sonhos no aprisco do Reino de Deus.