Será que o cibersepaço desconta da realidade?

de Rafael Lopez Villaseñor – 28/01/2021

“A internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus” (Papa Francisco)

A palavra mudança é a marca da realidade atual, cada vez mais acelerada, movida pelas novas tecnologias, em especial pelo ciberespaço como extensão do nosso cotidiano. Entendemos por ciberespaço o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memorias dos mesmos. Neste sentido, em tempos modernos não é possível pensar a realidade separada do auxílio dos instrumentos interativos, utilizados para a socialização, para fazer pesquisas, baixar músicas, jogar… é o meio mais prático e de rápido acesso. Na não sabemos viver sem as novas tecnologias.

O ciberespaço tem um conjunto de características impressionantes: a comunicação é instantânea, imediata, mundial, descentralizada, interativa, capaz de estender ilimitadamente os conteúdos, de grande alcance, flexível e adaptável em grau notável. É igualitária, no sentido de que qualquer um, com o equipamento necessário e com modestos conhecimentos técnicos, pode ser uma presença ativa no ciberespaço, anunciar sua mensagem ao mundo e buscar audiência. Permite permanecer no aparente anonimato, desempenhar um papel, fantasiar e também entrar em contato com outros e compartilhar. Segundo os gostos do usuário, a Internet e as redes sociais se prestam a uma participação ativa e a uma absorção passiva em um mundo narcisista e isolado, com efeitos quase narcóticos. Pode-se empregar para romper o isolamento de pessoas e grupos ou, pelo contrário, para aprofundá-lo.

O mundo cibernético não ostenta a pretensão de substituir as relações humanas presenciais, mas almeja articular que diferenciamos entre o espaço real e virtual. O espaço virtual reflete o que acontece no mundo real, e, por assim dizer, é real, mas em uma dimensão virtual. Mas se deve ter o cuidado para não ficar alienado, dando mais importância ao mundo virtual do que ao mundo real. Em outras palavras, o virtual tem suas implicações diretas com o mundo real. Inclusive, as redes sociais ao mesmo tempo em que informam, também podem deformar.

O ciberespaço não está desconectado da realidade, pelo contrário, trata-se de um espaço intermediário que faz parte da cultura atual. Permite que as pessoas dialoguem, explorem a subjetividade (desejos, expectativas, angustias, temores, complexos…). Se existem visões politicamente incorretas na rede (pornografia, prostituição, racismo…), são demonstrações que elas estão, também, presentes na sociedade e o ciberespaço é apenas um ambiente de manifestação. É por isso que não faria sentido pensar que a saída é a censura.

Não podemos esquecer que uso do ciberespaço é um ambiente privilegiado para potencializar e divulgar o Evangelho, esta realidade vem sendo bem-feita em tempos do Covid-19, por vários setores eclesiais. As redes sociais são usadas para fazer palestras, passar conteúdos, vídeos, aproximar as pessoas, transmitir celebrações litúrgicas, entre outras atividades. Enfim, o bom uso das redes sociais também é destinado cada vez mais para a construção da Civilização do Amor.

O ciberespaço se apresenta com um ar de “divindade” por ser “onipresente” ao estar de maneira imediata em todos os lugares e momentos com bilhões de páginas; “onisciente” ao pretender saber e julgar ter todo tipo de conhecimento e distribuir informações; “onipotente” por ambicionar encontrar e responder a tudo, em outras palavras aparece como se fosse um “deus” que resolve tudo, sabe tudo, conhece tudo… Enfim, as redes sociais e a Internet fazem parte do mundo globalizado, alcançam a maioria da população mundial, são uma ferramenta cada dia mais indispensável para a comunicação, da qual não se pode abrir mão, mas sempre há que ter discernimento para poder usar estes instrumentos de maneira positiva, adequada e responsável.